A uns encantava "a sua dedicação", a outros o modo com que "aprofundava os temas", a outros, ainda, "a amplitude das suas reflexões" ou como, de fato, "busca a sabedoria". Mas como o fundamento da busca é o amor e amar a sabedoria é, literalmente, a definição da Filosofia, o que impressionava a esses alunos era propriamente o traduzir-se em vida o que com palavras era ensinado.Pode-se afirmar que ao estimado professor cabe mais o qualitativo de amador do que de profissional, explico-me: o magistério não lhe é mera profissão ou carreira, mas vocação amorosa e devotamente correspondida. Isso porque ele não é um sofista, que faz negócio com a sophia, mas um verdadeiro filósofo. Ora, quando os contemporâneos de Sócrates quiseram encontrar a sabedoria não a procuraram naqueles que a vendiam, mas no que a possuía.O contexto em que este livro se publica não se distingue muito daquele que Sócrates, pois também hoje se procura a verdade e muitos a oferecem. Em meio a tantas ofertas, o que as diferencia? Os que amam a verdade, com ela se comprometem e os que estão com ela comprometidos, plasmam a sua vida por ela, e, por isso, Santo Tomás afirma que a dignidade do que se ensina exige uma proporcional dignidade do doutor: "por razão da superioridade desta doutrina a dignidade é requerida em seus doutores; por isso, são representados pelos montes, quando se diz: regas os montes".Pe. Rafael Martins.