Anne Enright é uma das vozes mais marcantes da literatura atual de língua inglesa. Nascida na Irlanda, ela recebeu em 2007 o prestigioso Man Booker Prize, principal prêmio de ficção literária da Commonwealth (Comunidade das Nações), pelo romance O encontro. Publicado em mais de 35 países e com grande repercussão de crítica e de vendas, o livro, que aborda o tenso reencontro de uma família após o suicídio de um de seus membros, foi lançado no Brasil pela Alfaguara. Em seu novo romance, A valsa esquecida, Enright volta a abordar os dramas familiares ao esmiuçar uma intensa relação extraconjugal. A autora, que esteve no Brasil em 2009 para Festa Literária de Paraty (FLIP), relata aqui as barreiras que se interpõem entre os envolvidos. Entre eles estão maridos e esposas, crianças e as dificuldades de se manter um segredo quando os encontros ocasionais se transformam em algo mais do que uma simples aventura. Vencedor da Andrew Carnegie Medal por excelência na ficção e finalista do Orange Prize, A valsa esquecida narra a história de infidelidade sob o ponto de vista de Gina Moynihan. Jovem irlandesa que está apenas começando a vida com o marido, ela se apaixona por Seán Vallely, que conhece em uma festa na casa de sua irmã. Ele, também casado, é pai de uma menina especial, Evie. Em meio a um inverno rigoroso em um subúrbio de Dublin, Gina se lembra das circunstâncias que a levaram a se envolver com Seán, aquele que considera o “amor de sua vida”. Ela recorda o longo e intermitente caso com ele, primeiro em viagens ocasionais, a seguir como uma história desenfreada de paixão e sigilo. O crescente envolvimento com o amante foi tão contundente a ponto de Gina, durante o ápice do relacionamento, esquecer a fragilidade da saúde de sua mãe, cujo falecimento vem como um choque. Agora, conforme o dia avança, ela atravessa a cidade para encontrar o “lindo erro” de Seán: Evie, que aos poucos forçará uma mudança nas secretas relações entre eles. A menina causa tensão em Gina, a princípio, pela ideia de que ela será a principal afetada pelo desmoronamento do casamento de seu amante com a esposa. No entanto, Gina acaba por se afeiçoar a ela, que ainda parece indiferente à relação entre os dois. Enright discorre sobre os dramas na vida cotidiana, as frágeis conexões entre as pessoas, seus desenganos e seus amores. Ao fundir ironia e leveza aos pequenos detalhes do dia-a-dia, a autora produz em uma história sobre a memória do desejo – a lembrança da atração física insaciável e a dor da distância. E, para além dos relacionamentos e da família, Enright constrói uma obra sobre as escolhas da vida e suas consequências.