Os ensaios reunidos neste livro, bem como nos que o precederam, procuram esboçar o que gostaríamos de chamar de uma crítica da ciência. Não uma crítica da ciência em que esta seria imediatamente colocada no banco dos réus, mas de preferência um questionamento sobre as suas circunstâncias, que ajuda a compreender, sem separá-los, os conteúdos, a natureza e os desafios.O título deste livro, ainda que encontre sua origem no paradoxo que permite atribuir à sombra uma velocidade superior à da luz, refere-se principalmente à crise do projeto do Século das Luzes e à sombria perspectiva de uma tecnociência que forneceria apenas obscuras clarezas. A estratégia seguida nestes ensaios consiste, para uma melhor compreensão da atividade científica, em explorar seus limites a partir de questões singulares, mas esclarecedoras: por que, há quatro séculos, os físicos se interessam pelo Inferno? De onde vem o mito das sete cores do arco-íris? Qual é o alcance das letras do alfabeto nas fórmulas (cabalísticas, efetivamente) da Física? O que as anedotas que circulam a respeito dos grandes cientistas, e principalmente sobre Einstein, nos dizem sobre a ciência? Esta possui uma universalidade transcultural? O compartilhar do conhecimento não exige também o da ignorância? Existe uma Musa da ciência?