Jaileno Sampaio da Silva, meu pai, foi um dos tantos jovens que lutaram contra a ditadura militar no Brasil (uma ditadura de extrema direita). Foi barbaramente torturado. Perdeu a mulher que mais amou e foi condenado a seis anos de detenção. Cumpriu 2 anos e seis meses e foi solto, sob vigilância. Estou contando tudo isso porque talvez esse seja nosso terrível futuro se não abrirmos nossos olhos e enxergarmos o que se desenha à nossa frente. O passado tão terrível de meu pai, um passado que ele nunca conseguiu esquecer e que afetou todos que estavam próximos a ele (filhos, esposa e amigos), talvez seja o seu futuro, o meu futuro, o futuro da pessoa que mais amo na vida: minha filha. O sol banhado em sangue do fascismo nunca esteve tão palpável, tão brilhante. Ele é aceito democraticamente, por urnas, por instituições. O sol banhado em sangue do nazismo ainda reluz infinitamente porque foi a máxima representação da intolerância e da violência no mundo: burocrática, sistemática, megalomaníaca. Anulam-se os símbolos ridículos, mudam-se as cores, e basicamente é o que temos hoje em nosso país. Estamos em 2020. O que será de nós? Minha única arma é a linguagem, o meu poder são meus textos. Espero que gostem do meu singelo sermão em forma de romance.