A abordagem policial se trata de uma forma de intervenção presente no cotidiano dos agentes de segurança pública e, consequentemente, no dia a dia de várias pessoas que se submetem ao procedimento. Esse dispositivo não contém uma específica previsão normativa, embasando-se em normas relacionadas à busca pessoal. Essa carência acaba por dificultar seu controle e permite que as abordagens ocorram sem melhores bases e diretrizes. Embora se trate de uma medida que atinge um grande contingente de pessoas, não se percebe grande interesse em tratar da abordagem policial nas pesquisas que se voltam para analisar as políticas de segurança pública. O objetivo desta obra é se debruçar sobre este instituto, percorrendo um caminho complexo, que tem início em uma avaliação da construção arbitrária da sociedade brasileira, passando pela formação policial e tendo grande preocupação em trabalhar a constituição da chamada “cultura policial”. A abordagem policial, consequência desta trilha, suas bases e previsões legais, excessos e necessárias reformulações, apresentam-se com o propósito de embasar uma reflexão em relação a este importante tema, que se mostra bastante real na vida de milhares de pessoas diariamente no Brasil. As mudanças se mostram necessárias, porém, a provocação proposta demonstra que muitas serão as dificuldades, pois a crença no “bom serviço” prestado por este tipo de prática, quando se reflete sobre a segurança pública em nossa sociedade, mesmo que não se consiga comprovar isso de forma adequada, deve ser apenas um dos percalços a serem superados na busca por uma evolução necessária para as ações policiais em uma democracia.