Questionando certezas que rondam o conceito, os debates e as práticas com crianças e adolescentes enquanto “sujeitos de direitos”, este livro obriga a/o leitor/a a sair das caixas tão bem embaladas na “igualdade formal generalizada da infância” disposta no Estatuto da Criança e do Adolescente e, por isso mesmo, provoca e emociona. Afinal, a perspectiva da proteção integral – com recorrente interpretação atrelada à normativa jurídica – possibilita efetivar direitos humanos de crianças e adolescentes, num horizonte emancipatório? Mesmo que se reconheça um avanço histórico na proteção jurídica desses sujeitos, uma legislação elaborada nos contornos da reprodução da sociabilidade capitalista e do não reconhecimento das opressões, violências e violações contra filhas e filhos da classe trabalhadora, constitutivas de sua estrutura, não acaba contribuindo para reforçar a acumulação própria desse sistema? Estas são questões fundantes da pesquisa e análise, conduzidas pela autora com coerência e consistência teórica, política e militante. Sem deixar de refletir sobre resistências empreendidas por esses sujeitos contra as violências sofridas, o estudo captura a retirada da história e da classe no conteúdo do discurso protetivo, assim como denuncia o crescimento do “mercado filantrópico da infância”, no interior da “indústria da proteção integral’”, materializados na privatização das políticas públicas, no desmantelamento de lutas sociais e na precarização do trabalho e das/os trabalhadoras/res. Constituindo verdadeira apreensão e expressão da perspectiva crítica assumida hegemonicamente pelo Serviço Social, é leitura obrigatória para todas as pessoas, das diferentes áreas, que estão no trabalho cotidiano, na pesquisa e na militância dos direitos humanos de crianças e adolescentes na perspectiva emancipatória. Enfim, esta obra vem para “des-vendar” e mobilizar bons afetos na direção de um outro projeto de sociedade, não sendo possível passar indiferente por ela. Sem dúvida, aq