Adolfo Gutkin traduz, teatralmente, a compaixão pelo que é mais profundamente humano, com todas as suas fragilidades. Sua política é a identificação das opressões, das injustiças. Ele se ofende com elas. Mas não aponta para a guerra, e sim, para a solidariedade. Neste sentido, a política de Gutkin se resume em um grande amor pelo que é humano. E pelo sentimento de fraternidade pelo ‘‘Outro’’. O ‘‘Outro’’ pode assumir várias faces, segundo a política de Gutkin: pode ser um negro, um cigano, um imigrante, uma mulher, um estrangeiro, e todos aqueles que são discriminados e ofendidos socialmente. No território do Multiculturalismo, quando falamos em “Outro” pode se entender uma outra cultura. Mas o “Outro” pode ser compreendido, também, como uma outra ideologia política, um outro país, um outro time de futebol, uma outra religião, um outro colega professor ou, ainda este “Outro”, silencioso e crítico, com o qual dialogamos constantemente dentro de nós. A trajetória de Gutkin caracteriza-se por este constante diálogo com o que é ‘‘Outro’’. E como ama o teatro, ele até compreende a sentença de morte que Gordon Craig e Eleonora Duse emitiram para o ator, como uma metáfora: o ator egoico deve realmente desaparecer. Concorda com ela, mas Gutkin prefere implorar pela vida:Que vivam os atores! Que salvem o teatro!