Este livro de Huxley mostra sua mente livre de ortodoxias, dedicando-se aos problemas do homem moderno, em sua relação com o passado, o presente tecnológico e o futuro cinzento. Ao mesmo tempo humanista e místico, Huxley indica o caminho para uma nova e ao mesmo tempo ancestral síntese expressada por “Tu és isto”, elemento da tradição sânscrita e incorporada à moderna filosofia ocidental por Schopenhauer. O papel da linguagem na teoria do conhecimento é ressaltado constantemente; em Paphos vamos encontra-lo falando com sua fluência habitual da beleza da poesia de Mallarmé; a relação entre música e gosto popular é lembrada em sua visita a Salt Lake City; em Beirute percorre as filosofias dos povos através de suas linguagens... O livro persegue uma diversidade de temática estonteante e contudo vincula-se a um único fim e à visão de um homem que pode olhar o passado sem ilusões e o futuro sem desespero. Huxley revela-se um profundo conhecedor de ciência, misticismo e arte e sem nunca se confundir em nenhum dos campos, recria neste livro um estilo que lembra a conversação bem conduzida, num fluxo suave e cheio de curvas como o curso de um rio. O emaranhado que a simples observação pode produzir em termos de vivência intelectual num cérebro habituado aos labores da cultura, provoca-nos uma impressão única de unidade na concepção estético-filosófica que raramente pode ser encontrada em autores contemporâneos. A discussão que estabelece entre conhecimento e compreensão torna a leitura desta obra indispensável a todos aqueles que estejam interessados num contato mais próximo com a realidade dos fatos e das coisas.