Em pleno século XVI, afundada em dívidas e enfraquecida pelas recentes Reformas, a Igreja Católica enfrenta uma crise sem precedentes. Fontes seguras alertam o papa Gregório XIII para um iminente ataque otomano ao Vaticano. A Igreja sabia que não seria capaz de conter o poderoso exército muçulmano. A única saída para evitar a invasão era mesmo a diplomacia. Livro de estréia do médico fluminense José El-Jaick, 'O agente do Vaticano' joga luz sobre os paradoxos que habitam igrejas, mesquitas e o próprio espírito humano a partir de fatos verídicos envolvendo as duas religiões mais poderosas à época. O protagonista deste fascinante romance histórico é o padre português António Taveirós de Tomar. Cabe a ele impedir que o império turco otomano, na figura do sultão Murad III, coloque em prática uma suposta intenção de destruir o Vaticano e expandir as convicções muçulmanas descritas no Corão. Para evitar uma guerra santa, a mais alta cúpula romana decide enviar António a Istambul e, através dele, propor um vantajoso acordo comercial. O negócio estabeleceria uma inédita aproximação pacífica entre o mundo árabe e a Península Ibérica, à época sob o julgo de Filipe II. A tarefa, narrada em detalhes pelo autor José El-Jaick, evidencia um movimento de paz cuja origem remonta aos mais elevados desejos cristãos. Em meados do século XVI, a Igreja sofria algumas crises, sendo as mais graves a esquiva do pagamento de impostos por nobres; a pressa na reformulação do calendário vigente; e a necessidade de frear a onda reformista que colocava em xeque valores do Vaticano. Por estes e outros motivos, o próprio António questiona, página a página, a instituição para a qual dedicou a sua vida. Fonte desses dilemas universais, El-Jaick nos apresenta, então, um protagonista capaz de carregar dentro do mesmo espírito a responsabilidade por cumprir a ordem recebida e a lucidez para questionar propósitos eclesiásticos.