AGRICULTURA FAMILIAR, CULTURA CAMPONESA E NOVAS TERRITORIALIDADE NO VALE JEQUITINHONHA

Região estratégica do vasto e multifacetado estado de Minas Gerais (sob diferentes perspectivas: sociocultural, socioambiental, etnopolítica, etnogeográfica, geopolítica, geohistórica...) –, o Jequitinhonha é apre¬sentado nessa instigante coletânea de divulgação de artigos científicos, meticulosamente elaborados (e territorialmente contextualizados), com o objetivo de explicitar e evidenciar a sociodiversidade desse vale (que impressiona, sobretudo, pela força e valentia de sua gente: intuitiva e brava!). A dinâmica social, em curso, de atores sociais (integrantes de comunidades tradicionais locais) como: camponeses, quilombolas, índios “ressurgidos”, artesãos, etc., nesses rincões sertanejos, são ressaltados na obra, enfatizando-se, em particular seus múltiplos desdobramentos na ótica da reinvenção e redesenho da dinâmica social dessa mesor¬região (singularíssima), na pós-modernidade (um período histórico com tantos aspectos complexos e paradoxais – que ainda demandam, a propósito, reflexões e releituras geográficas mais aprofundadas e atentas. A investigação de conceitos e temas emergentes destaca¬-se, nos artigos apresentados, sobretudo, pela sua fundamentação em trabalhos de campo sistemáticos e continuados, e na permanente preocupação com o registro e representação cartográficos dos fenô¬menos e processos investigados. Ademais, percebe-se com nitidez, que os trabalhos desenvolvidos foram planejados com rigor científico e criatividade, pela equipe que os produziu (reunindo pesquisadores seniores e juniores, das áreas de Geografia Cultural e Agrária princi¬palmente, sediados numa das mais prestigiadas universidades do país: a UFMG). Os docentes, pós-graduandos e graduandos envolvidos com as pesquisas utilizaram em suas abordagens – é relevante assinalar –, categorias conceituais de análise e paradigmas de interpretação nítida e explicitamente geográficos. Uma ênfase dessas pesquisas- originais e seminais –, se alinha, aliás, com enfoques heterodoxos e inéditos da problemática sociocultural dos núcleos quilombolas domiciliados na região, e do exercício, por eles, de sua territorialidade. Percebe-se, ainda, nos artigos, a efetivação de um bem sucedido esforço em termos de adaptação da linguagem científica para o público em geral, tornando-a mais acessível e compreensível para o leitor leigo.