O mundo está se aproximando demasiadamente do limiar de sua sustentabilidade para que continuemos a nos prostrar frente ao desastroso cenário que se desvela. O paradigma hegemônico de agricultura que se impõe na atualidade – o agronegócio – é fortemente apoiado pelos saberes e práticas que são produzidos e reproduzidos pela universidade. É imprescindível a participação ativa das engenheiras e engenheiros agrônomos na construção de um sistema agroalimentar contra-hegemônico com base na racionalidade agroecológica, tendo como horizonte a busca pela soberania alimentar dos povos. Por isso, configura-se como questão fundamental a discussão sobre a inclusão da agroecologia nas ciências agrárias, principalmente no âmbito da formação profissional. Nesse sentido, o currículo pode ser tanto instrumento de manutenção do paradigma hegemônico quanto espaço de debate e superação dele; pode tanto ter uma dimensão de colonialidade quanto descolonialidade do saber. A pluralidade do conhecimento disponível no mundo é imensamente maior que o conhecimento escolhido para ser reproduzido formalmente nas instituições de ensino superior. Este livro apresenta, por meio de pesquisas científicas, qual o lugar ocupado pela agroecologia e como se cristalizou o currículo de engenharia agronômica dentro de uma ideologia específica. Ideologia essa que contribui para a manutenção de um modelo de agricultura insustentável no tempo e responsável por danos ambientais, bem como pelo crescente aumento da injustiça social, no campo e na cidade.