AGROTÓXICOS & SAÚDE HUMANA

Este livro é muito importante para toda a sociedade e o interesse vai muito além da medicina. Os(as) editores(as), bem como os(as) autores(as), nele demonstram mais uma vez sua capacitação apresentando evidências e sugerindo propostas. Inclui a discussão sobre a importância da tecnologia, com aplicação e utilização adequadas para melhorar o impacto social e econômico. O desenvolvimento da agricultura nos últimos anos se deve muito ao surgimento e aplicação de novas tecnologias e maior rendimento de toda a produção agrícola, inclusive com suporte genético, e está contribuindo para diminuir a fome do mundo, presente em todos os continentes. Mas a pesquisa e o incentivo à aplicação de técnicas novas precisa sempre levar em conta o impacto no presente e no futuro, pois os efeitos deletérios podem permanecer por diferentes gerações. Infelizmente, a sociedade como um todo e mesmo setores mais relacionados a esse campo continuam ignorantes sobre problemas, necessidades de melhoria e o que precisa ser planejado e efetuado. Não há saúde individual apenas e temos que atuar além da saúde comunitária, na saúde global, que envolve mais do que técnicas agrícolas, também o uso adequado de fertilizantes e biodefensores, além do entendimento do impacto de mudanças climáticas e populacionais. Temos que desenvolver mais defensivos agrícolas sem agrotoxicidade, como os bioinsumos, para promover e manter a saúde humana, animal e a preservação adequada do meio ambiente, das florestas, dos rios e de toda a biodiversidade. São 8 bilhões de pessoas, com 50% no campo, e lembrar sempre que os males da intoxicação podem ser subclínicos por muito tempo e transmitidos também por mecanismos epigenéticos para gerações seguintes. Minha experiência de mais de meio século na Amazônia e no cerrado brasileiro mostra a grande deterioração ambiental, comprometendo a biodiversidade única da região. A florestas e os campos sofrem com a expansão desordenada da agricultura e da pecuária. O desmatamento, muitas vezes desnecessário, e agrotóxicos, estão levando a problemas que vão persistir por gerações. O uso de agrotóxico apresenta riscos enormes, envolvendo a contaminação de rios e cursos de água, afetando a fauna também aquática e todas as comunidades que dependem desse recurso para sua existência. A biodiversidade terrestre e aquática está severamente impactada. Sim, temos que continuar cada vez mais desenvolvendo pesquisas e incentivos que devem envolver a produção com práticas agrícolas sem toxicidade. Mas também precisamos estimular a educação e capacitação, juntamente com fiscalização e regulamentação rigorosas. Não basta informar. A educação, ou seja, a mudança do comportamento, frequentemente depende de legislação, fiscalização e penalização de infratores. Assim, os incentivos econômicos, muito importantes, precisam levar em conta os aspectos sociais e não apenas o aumento da produção em curto prazo, evitando-se a piora da violência química. Sim, esse livro, pela alta competência dos(as) autores(as) e a maneira pela qual os assuntos são apresentados, passa a ser importante referência também nos campos da economia e saúde global e estão todos de parabéns, contribuindo para o avanço da nossa sociedade.