A relação do teatro com a educação é parte intrínseca dessa arte desde suas origens. Entretanto, seu emprego de forma mais estruturada e objetivamente encaminhada para fins pedagógicos surge de modo nítido tão somente na época moderna. Suas ramificações se prendem não só à palavra escrita da dramaturgia como à palavra falada do espetáculo com declarados fins de militância social, política e ética, tendo assumido, inclusive, uma configuração particular no teatro de Brecht. É nessa vertente que se insere, já na etapa do pós-moderno e do pós-dramático, Alegoria em Jogo de Joaquim C.M. Gama, que a editora Perspectiva e a SP Escola de Teatro apresentam ao público leitor, dando prosseguimento à ampliação da bibliografia teatral em nosso país. Na senda brechtiana, o autor traz à luz os fundamentos de uma didática alegórico-diabólica, com base em Os Sete Pecados Capitais, série de gravuras de Pieter Brueghel, o Velho, estruturantes da montagem da peça Chamas na Penugem, coordenada por Ingrid Dormien Koudela, e integra-a no processo do épico. Assim, a criação dramático-espetacular fica caracterizada em sua feição de trabalho em progresso como criação, bem como na sua condição de incorporadora das novas propostas de pesquisa no teatro-educação e em seu papel na busca tão intrínseca ao nosso tempo que é o da democratização da arte. J. Guinsburg e L.H. Soares