Dois grandes motivos mantêm a teoria da evolução em evidência para além dos laboratórios e congressos científicos. Primeiro, a biologia ocupou o papel que a física teve no século passado: ela é a ciência do século XXI, a que concentra os resultados mais espetaculares, os maiores avanços e as repercussões mais amplas, além de se espalhar por vários aspectos da cultura e da sociedade contemporâneas. Da medicina à engenharia genética, dos alimentos modificados ao meio ambiente, das pesquisas com células-tronco à história da vida, tudo passa por ela. Segundo, a teoria da evolução está no centro do mais acirrado debate político-ideológico contemporâneo, o que confronta a própria evolução ao criacionismo (a crença na criação divina da vida), ou seja, ao discurso religioso. Além disso, a evolução é um daqueles fenômenos culturais tão familiares quanto mal compreendidos. Desde o início, com a publicação da obra de Darwin, vários ruídos de informação se intrometeram em sua recepção: a descendência do homem a partir do macaco (quando, na verdade, trata-se de um ancestral comum), a sobrevivência do mais apto ou do mais forte (quando, na verdade, trata-se da sobrevivência dos mais adaptáveis de cada geração de cada espécie às mudanças em seu meio ambiente), a condição de "mera teoria" do conceito de evolução (quando, na verdade, em ciência teoria significa uma hipótese já provada). Por fim, o darwinismo não para, ele próprio, de evoluir: o exemplo mais dramático foi seu encontro com a genética (desconhecida no tempo de Darwin). Tudo, portanto, conspira para tornar livros como 'Além de Darwin' simplesmente incontornáveis para quem queira compreender seu próprio mundo.