ALGUMAS DISTÂNCIAS PERCORRIDAS

O livro de estreia do poeta André Maia reúne 56 poemas, divididos em três partes: “A solidão é um quarto de pensão compartilhado”, “Beat” e “Algumas distâncias percorridas”. Neles, o autor desenvolve uma poética que procura retratar a relação entre corpo e cidade, entre o espaço urbano e as formas de vivência na metrópole.

As metáforas ganham vida em uma paisagem que é natureza e também mecanismo, em um trabalho formal que insufla de movimento e de organicidade o que é, em aparência, inerte e inabitado.
Nos poemas de André Maia o concreto é estímulo e barreira, cais e pouso. Mas mesmo quando o poema formula sentimentos e vivências, trata-se de um porto de chegada fugidio, miragem de repouso e de completude. A escrita do autor repõe incessantemente uma representação que se pergunta sobre o urbano e a dimensão social sempre de maneira inquieta e renovada.

Alguns poemas flertam com a visualidade da poesia concreta e com a experimentação da beat generation. Dentre as influências do autor estão os poetas que se pautaram pela relação de investigação do espaço e da relação entre o eu e a cidade. Destacam-se entre as referências os modernistas e seus sucessores, como Drummond, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto e Roberto Piva, mas também os poetas da geração beat, além de nomes relevantes da poesia contemporânea como Cacaso, Hilda Hilst e Marília Garcia.

A apresentação é do poeta Ismar Tirelli Neto. A capa, as ilustrações de capa e miolo e o projeto gráfico são de Sílvia Nastari. As imagens foram feitas a partir de impressões tipográficas de material branco (usado na tipografia tradicional para ocupar os brancos das páginas) e antigos clichês de uso comercial.