Como ator, Werner Schünemann sabe o valor do texto, e, em especial, a relevância do diálogo, que vem a utilizar com frequência em seu texto. Nos palcos e nas telas, Werner interpreta personagens; no romance ele as cria. O resultado está aqui: um romance que merece esse nome, e que dialogará com os leitores assim como suas atuações cênicas encantam seus espectadores e fãs. Luciano, personagem criado por Werner em Alice deve estar viva, está na meia-idade, separado de Alice, distante da filha Laura, acostumado com a rotina de trabalho no mercado de commodities, os estudos para uma entrada tardia na carreira diplomática e os passeios com Togo, o cão que divide com Luciano o apartamento em São Paulo e a solidão. Um recado enviado por Alice, sua ex-mulher, instaura uma imediata situação crítica que faz com que Luciano saia de São Paulo, da sua zona de conforto, e volte para o seu espaço original, o pampa gaúcho, especificamente em uma estância no interior de Bagé, onde a narrativa tem início. Dentre as idas e vindas, acontecimentos inesperados e reviravoltas eletrizantes fazem parte da trama. Tão dinâmico quanto a linguagem do romance. Alice deve estar viva é um drama no pampa, mas não só: é do Brasil e, mais do que isso, trata da alma humana e das suas contradições, o que, ao fim das contas, é o que justifica uma boa narrativa. Werner Schünemann estreou no teatro ainda adolescente e tem sido ator ininterruptamente por quatro décadas, com intensa participação em dezenas de filmes, telenovelas e séries de sucesso que ganharam o mundo. Escreveu peças, dirigiu filmes desde então e, formado em História, foi também professor desta disciplina. Hoje, estreia com a Editora Almedina Alice deve estar viva, seu primeiro romance.