Cozinhar proporciona a quem cozinha um tempo de profunda consciência e atenção a um fazer delicado, que exige sensibilidade. Água, fogo e tempo têm que ser bem dosados. As mãos são precisas e lúdicas no corte. O olhar comanda e observa os mais mínimos detalhes. O olfato trabalha como nunca, percebe pelo cheiro quando a alcachofra está bem cozida, o arroz chegou ao ponto, a compota de maçã ficou pronta. E um sexto sentido entra em ação na hora de escolher temperos. É como dançar, tocar um instrumento, escrever um poema, pintar um quadro. Pode ser meditação. Pode ser arte. Até algum tempo atrás, os trabalhos sobre alimentação sempre eram tratados como obras técnicas, cheias de tabelas de nutrientes e notas de rodapé repletas de informações científicas. A grande contribuição de Sonia Hirsch foi a mudança de perspectiva. Em vez de tratar a alimentação exclusivamente como uma questão de saúde, coloca em primeiro plano a relação entre comida, prazer e criatividade. Pela primeira vez o foco saiu da dieta e incidiu sobre gente de carne e osso e suas complicadas motivações. A linguagem coloquial, o toque afetivo e a ênfase nas situações do cotidiano fazem a diferença. Não é por acaso que a CorreCotia ostenta um catálogo de 16 títulos, commais de 300 mil exemplares vendidos. Alguns títulos já chegaram à 14ª edição, coisa rara no Brasil.