Amo a quem produz e consome afetos e escrevo sobre isto para não deixar sem testemunho. Não receio dizer que me sinto realmente vivo e este é o meu crédito, e doravante farei deste sentimento parte dos meus ofícios. Sinto em mim um íntimo capaz de voar e dirigir-se com a arma da poesia da vida ao encontro e de encontro a tudo, sem renunciar a busca da verdade e tendo em conta a extensão das minhas limitações e compromissos. Sinto que existem os bons e os maus, capazes de compreender minhas inquietudes e falhas. E com esta bagagem vejo que aprendi. Aprendi que não se deve dar a aparência de entender ao que não se entende. Aprendi a valorizar a capacidade de libertar-me e que não me faz mal não pensar em nada. Aprendi a respeitar a insensatez humana porque valoriza a lógica. Aprendi que a única legalidade incorruptível é a da natureza. Aprendi que o relógio do tempo foi construído para me ver passar e que transcender é um recurso do devaneio. Aprendi que necessito tornar-me suportável. Aprendi que é necessário superar as angústias da alma e acreditar na liberdade dos sonhos. Aprendi a encantar-me com o luar, o sol, o vento e a chuva. Aprendi que a ampulheta do tempo de viver pode ser sempre virada. Aprendi, finalmente, que não sou sem-Deus e que posso ser o mais rico dos pobres e o mais pobre dos ricos e quero dividir tudo isto com você, com meu amor... Neste livro.