Cristiane explicita seu interesse em compreender a ordem do discurso digital. Busca o entendimento de como o simbólico, na relação com o político, determina sentidos e também sujeitos. E o faz pela questão que investe em responder: como o digital significa. Este é o real, esta é a “ordem”. Considero este um dos pontos altos deste livro de Cristiane e de seu trabalho, em geral; ela não estaciona na observação e descrição da organização dos discursos. Isso seria mais uma taxonomia. Ela vai mais longe, lutando pela sua compreensão: visa a ordem do discurso digital. Desmistificação da “naturalização” dos sistemas lógicos digitais (como apps de smartphones, como o Tinder, Bumble, ou facebook, tuíter, google maps, etc) em seu funcionamento em nosso cotidiano. Fica dito de maneira forte que o digital produz um novo tipo de relação entre o sujeito e o social, uma nova relação das práticas políticas e discursivas. Sua compreensão passa pela sobredeterminação do político ao econômico, ao consumo, ao mercado de dados. Resta avaliar, quantos são capazes dessa compreensão. Daí o meu entusiasmo por uma reflexão funda como a de Cristiane que dá um passo fundamental tanto para a teoria do discurso como para a compreensão maior da tecnologia digital. Mesmo se resta sempre o desafio: o passo teórico foi dado.”Eni Puccinelli Orlandi