Livro raro de João Cabral em parceria com Aloisio Magalhães volta após 60 anos desaparecido e nunca reeditado. Aniki Bóbó, segundo Cabral, foi escrito por Aloisio e ilustrado por ele, tal a incomum inversão dos papeis. Nessa edição critica e fac-similar publicamos, além da obra, um caderno com imagens e textos de Sérgio Alcides (Ufmg); Augusto Massi (Usp) e Zoy Anastassakis (Esdi/Uerj). Em 1958 João Cabral e Aloisio Magalhães editavam Aniki Bóbó com uma tiragem de 30 exemplares. Sessenta anos depois reeditamos pela primeira vez essa obra rara que uniu poesia e arte. Com versos de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), design e ilustrações de Aloisio Magalhães (1927-1982), foi deixada para futuros editores, ensaístas e críticos a missão de um dia republicar essa obra inclassificável . Com essa edição crítica e fac-similar trazemos o objeto mais uma vez para os seus leitores e espectadores. Dedicamos também essa reedição à discussão sobre os motivos pelos quais se deu o desaparecimento por quase 60 anos de Aniki Bóbó. Obra conhecida somente por alguns poucos leitores mais atentos de João Cabral, por colecionadores de livros raros e de arte, e por admiradores do trabalho gráfico de Aloisio Magalhães, o livro faz parte do movimento editorial d´O Gráfico Amador (1954-1961) e se tornou mais conhecido pelos entusiastas das artes gráficas do que pelos leitores de poesia. Convidamos dois poetas e críticos literários, Sérgio Alcides (UFMG) e Augusto Massi (USP), para pontuar a questão da ausência de Aniki Bóbó das bibliografias completas de João Cabral e anotar criticamente o poema dentro do universo cabralino. Já Zoy Anastassakis e Elisa Kuschnir (ESDI/UERJ), professora e pesquisadora, respectivamente, da Esdi – Escola Superior de Desenho Industrial, da qual Aloisio Magalhães foi co-fundador e integrante do quadro docente nos anos de 1960, dissecam as atividades do designer, sobretudo o período da década de 1950 no qual Magalhães se dedica às técnicas que empregou no raríssimo livro, como o pochoir, o clichê de barbante e a tipografia. Aloisio Magalhães foi editor e artista gráfico responsável pela obra com uma tiragem de apenas trinta exemplares impressos no papel Canson Annonay. Circulou, a princípio, entre os colaboradores e apoiadores do projeto d´O Gráfico Amador. Foram o acaso e a circunstância, no entanto, que reuniram João Cabral e Aloisio Magalhães na feitura de Aniki Bóbó – título de um filme do português Manoel de Oliveira de 1942 e parlenda infantil. O livro teve tratamento gráfico especial com utilização de papeis que se aproximavam ao original.