O jovem Páll tenta lidar com problemas de identidade e a dificuldade de controlar suas emoções, se deixando levar por surtos de bebedeira e explosões de agressividade. Na segunda metade do romance vemos os muitos anos que Páll passa dentro do hospício Kleppur e os personagens que ele encontra lá. Surge o questionamento: em meio à agonia mental cotidiana, como se pode chegar a um retrato aceitável da sociedade ou mesmo da existência em si?No fim de sua vida, Páll, o protagonista e narrador de Anjos do universo, relembra um verso de uma canção de uma canção de David Bowie: Day after day, they take some brain away. As palavras de Bowie poderiam muito bem servir como mote para todo o romance, no qual Páll, do outro lado da tumba, tenta entender como se afundou no mundo violento e sombrio da esquizofrenia até o seu aprisionamento no Kleppur, o hospital psiquiátrico semelhante a um enorme palácio situado à beira-mar em Reiquiavique, e sua decisão (aos quarenta e poucos anos) de trocar a tensão da vida pelo distanciamento da morte.O uso da letra de Bowie tem bastante significado: Einar Már Gudmundsson (nascido em 1954), talvez o mais célebre escritor islandês de sua geração, é creditado pela liberação da escrita séria no seu país a partir da inspiração de ícones do mundo contemporâneo. Páll é movido por ídolos do rock e do punk, mais do que pelos respeitados heróis das sagas; mais por Beatles, Zappa e Bowie do que Njáll e Egill.