Em 'O Anticristo na Bíblia e na História' o autor transita entre culturas diversificadas como a persa, a babilônica, a grega e a romana. Gouvêa também sabe que uma obra que se propõe abordar um tema tão controverso, precisa dialogar com teólogos e historiadores precisos. Observa-se que ele leu, estudou e pesquisou com determinação. Sua bibliografia impressiona. Indicado aos que pretendem aprofundar-se no tema do Anticristo e da Escatologia. Um inimigo desencarnado, imaterial, pode ser temido, mas pouco odiado. Os milenarismos, que marcaram tanto o judaísmo como o cristianismo, identificam inimigos históricos e a inauguração do reino de Deus só seria possível com a derrocada final deles. Assim, Nabucodonosor, Antíoco, Pompeu, Nero e outros participaram do infame elenco dos anti-Deus. Sobre eles, os exércitos celestiais marchariam para a inauguração de um novo mundo divino. Sob opressão de algum tirano ou império, não era difícil identificar o inimigo e transformá-lo na figura simbólica do mal a ser vencido pelos exércitos do Todo Poderoso. Contudo, a obsessão de identificar o último "inimigo" a ser vencido, isto é, o Anticristo, levou a ações profundamente perversas e a uma verdadeira caça as bruxas. Na Reforma, Lutero acusava o Papa de ser o cabeça de um sistema anti-reino e o Papa afirmava que uma rebelião como a de Lutero, só podia vir do próprio Diabo, portanto, ele sim, era o Anticristo.