Com frases curtas, de não raramente apenas uma palavra, o livro desperta no leitor imagens, sensações e questionamentos, além de promover uma discussão sobre o problema do plágio literário. Testemunho, memória, masturbação, ficção, História, Cabala, Bíblia e literatura se embaralham e permeiam a biografia de um jovem judeu em busca do seu lugar face à Diáspora e aos guetos na contemporaneidade. Perseguido pelo dibouk (demônio) e em busca da mulher, o personagem narra sua vida, encontros e desencontros repletos de ironia, iconoclastia, citações e plágios literários desde a tenra infância até seus trinta e três anos. Em tom muitas vezes poético e profético e em outras vulgar e leviano, o autor descreve momentos vividos e dogmas enfrentados no colégio, nas relações familiares, sentimentais e sociais. Através de suas memórias e invenções, o personagem procura se inserir na Literatura, seja ela histórica, seja ela fantástica. Escrito em primeira pessoa, o livro pode ser lido também como uma sessão de psicanálise em que o personagem principal tenta se desvencilhar das amarras e máscaras judaicas. Critica a religiosidade como única forma de ser judeu. Num diálogo contraditório com a voz do narrador, constrói outra história dentro da história sugerindo uma perseguição a um dos mais cruéis nazistas foragidos da 2ª Guerra, Martin Bormann.