Os arcos da Lapa, esse inesperado cenário romano na antiga capital do império, fazem parte da imagem do Rio de Janeiro como o Cristo Redentor. Mas, ao contrário do Cristo, que simboliza o Rio todo, de ontem e de sempre, eles são só da Lapa. E são símbolo de um outro tempo. Como Roma, a Lapa teve seu apogeu e decadência. E se agora ela ressurge: reinventada e de novo adotado pelos cariocas, ela certamente é outra. A Lapa de que fala este livro é o bairro mítico, boêmio, em preto e branco, que a maior parte de nós não viu. E quem melhor para nos guiar por suas ruas escuras e movimentadas do que esses protagonistas famosos? Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Rubem Braga, Antônio Maria, entre outros, nos levam por esses becos e ruelas onde Madame Satã amava e enfrentava policiais, Villa-Lobos tocava piano nos salões enfumaçados das pensões e Manuel Bandeira escrevia seus poemas com um olho melancólico na festa que acontecia debaixo de sua janela. Como na Paris dos anos 1920, até a pobreza era charmosa e as prostitutas, francesas. Cantada em prosa e verso contada por seus protagonistas, essa época fabulosa da qual só restaram os arcos, está nas páginas deste livro.