“Só para lembrar: Manuel Bandeira nasceu em 1886, Oswald de Andrade em 1890, Guilherme de Almeida em1890, Ronald de Carvalho em 1893, Mário de Andrade, em 1893, Jorge de Lima, em 1893, Ascenso Ferreira em 1895, Cassiano Ricardo em 1895, Raul Bopp em 1898, Cecília Meireles em 1901, Murilo Mendes, em 1901, Carlos Drummond de Andrade em 1902. Em quase todos podem-se rastrear recordações não raro nostálgicas de textos abrigados por Carlos de Laet na Antologia Nacional [[durante a República Velha foi o livro de leitura mais adotado em nossos melhores ginásios públicos]: poemas e narrativas que se fixaram na sua memória e acenderam a sua imaginaçao de adolescentes desde cedo movidos pela paixão da palavra artística.” [d A Alfredo Bosi, do PrefácioE os jovens de hoje não estariam interessados numa Antologia organizada a partir de antologias, que vem justamente para resgatar aqueles poemas memorizados por gerações, temporariamente esquecidos pelos rumos que a escola tomou a partir dos anos 70? Algumas experiências na contracorrente mostram que os teens (não somente eles) continuam interessados. Pais e avós muitas vezes procuram para filhos e netos os poemas que aprenderam de cor, como “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu, “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac, os mais notáveis poetas que antecederam o Modernismo e os próprios modernos acima citados, todos aqueles que mais freqüentaram antologias, por valor literário ou mérito cultural.Para o Natal e para depois do Natal, encontram-se emoldurados para presente aqueles poetas e seus versos, desde a época colonial, para deleite de quem recitava: “Ora, direis, ouvir estrelas...”, “Hão de chorar por ela os cinamomos,”, “Minha terra tem palmeiras”, “Vou-me embora para Pasárgada”... Tantos, tantos poemas. Reunir novamente esse repertório que inclui tradição e modernidade atende não somente às gerações que “alcançaram a “etapa feliz de nossos estudos de Letras” e àquele público nascido da “indústria cultural dos anos 70 [que] até hoje minou fundo essa plataforma de modernidade lúcida construída naquela conjunção propícia”. Salvo honrosas exceções. “Dançando ao ritmo do mercado, que precisa do efêmero para crescer, o antologista pós-moderno tem o destino que merece: tudo o que faz é descartável”, nos ilumina o prefaciador Alfredo Bosi. Antologia de Antologias não é livro descartável, nem passa pelo estreito saudosismo. Conhecer o precedente é caminho para se chegar à vanguarda. Há um cânon necessário de poetas brasileiros – que este livro não esgota – feito para figurar definitivamente na estante dos leitores de todas as idades. Ter a literatura na memória.