Uma vida dedicada à reforma agrária e ao combate do trabalho escravo. Baseada em entrevistas, biografia de Frei Henri revela bastidores da luta pela terra em áreas de conflito na Amazônia. Edição brasileira foi enriquecida com textos do próprio religioso e de parceiros de jornada. Sabemos da extrema violência que acomete os camponeses que lutam pela terra nas paragens mais distantes dos grandes centros urbanos brasileiros, sobretudo na região amazônica. Mas existe pouquíssima informação disponível sobre as pessoas que levam consigo a bandeira da reforma agrária — e menos ainda sobre as dificuldades e alegrias que colhem na aridez cotidiana de ameaças, mobilizações e decisões judiciais. Eis uma das principais contribuições do livro Apaixonado por justiça: conversas com Sabine Rousseau e outros escritos, de Henri Burin des Roziers, publicado pela Editora Elefante em parceria com a Comissão Pastoral da Terra e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz no Brasil. Conhecido no país como Frei Henri, o religioso francês chegou ao Bico do Papagaio, região entre Tocantins, Pará e Maranhão, e reconhecida pelos índices de violência no campo, nos anos 1980. Antes, na França, havia participado ativamente do Maio de 1968 e de lutas sindicais. Formado em Direito em Paris, Frei Henri começou a atuar como advogado dos camponeses que lutavam pela terra na região. Viu amigos e companheiros serem perseguidos e brutalmente assassinados, como Gabriel Pimenta, jovem advogado da CPT, e Paulo Fonteles, deputado estadual paraense. O próprio Henri foi alvo de inúmeras ameaças de morte, e viu sua cabeça valer milhares de reais na mesma época em que pistoleiros acabaram com a vida da irmã norte-americana Dorothy Stang em Anapu, no Pará, em 2005.