A avaliação das aparências, às vezes, é útil e necessária. Se vejo uma pessoa que não tem uma perna, sei que ela terá dificuldade para subir escadas e, por isso, precisa de um ambiente que lhe ofereça facilidade de movimentos. Se um médico vê que seu cliente está muito acima do peso ideal, sabe que ele tem alto risco para vários problemas de saúde e orienta-o sobre isso. Mas, muitas vezes, não é assim que as pessoas usam esse tipo de informação. As aparências são usadas para julgar: para dizer se aquela pessoa é “boa” ou “má”, com base apenas em alguma característica que alguém, algum dia, decidiu considerar marca de gente “ruim” ou “inferior”. Nesta coletânea, nosso velho conhecido Júlio Emílio Braz, autor de tantas obras excelentes, resolveu abordar esse tema. Em cada um dos contos, ele nos mostra um caso de preconceito, de discriminação. Ao lermos cada história, revemos pessoas conhecidas que foram vítimas de ações semelhantes. Temos assim a oportunidade rara de ver a situação pelos olhos do outro e de entender o que há de errado nesse tipo de comportamento. Podemos então decidir se vamos agir assim… ou não.