Este livro intercala textos do início do ano de 2000 com reflexões provenientes do que Josefina Ludmer chamou de um "diário sabático". Escrito durante sua estadia na capital portenha naquele ano, reflete sobre os novos tempos que se abrem para a literatura na América latina. Provocativa, a autora reafirma o fim da tradicional leitura literária como método de conhecimento do real, ressaltando que a nova ficção que se produz no continente está orientada para a produção de uma "fábrica de realidade", fundada na imaginação pública e em novas constelações de territórios e temporalidades. Sua bússola nessa inquietante viagem pelo universo ficcional latino-americano é uma perspectiva que oferece a agilidade teórica que tal situação requer: a especulação, entendida como "a procura de algumas palavras e formas, modos de significar e regimes de sentido, que nos permitam ver como funciona a fábrica de realidade para poder encontrar seu avesso". Se o mundo experimenta um novo sentido para o tempo, introduzido pela simultaneidade global do universo virtual, e o mercado reordena a natureza do trabalho intelectual segundo critérios próprios, resta ao intelectual especular, através de um mergulho radical na memória do presente, em busca de novas posições críticas para entender o curso dos acontecimentos.