Em Araruama, o momento do nascimento é um ritual sagrado. Monâ, a mãe do tempo e de todas as coisas, costura a duração de vida dentro do corpo de cada criança. Ao som das palavras de Majé Ceci após o parto, cada destino é selado: Kaluanã, nascido para uma vida mais longa que os números podem dar conta; Obiru, o capanema que morrerá jovem, destinado a descascar mandioca sob o olhar de desgosto do pai; Apoema, a que vê além e sonha em voar. Em O Livro das Sementes, o primeiro volume da série, o leitor é transportado para uma realidade dura e encantada, onde as palavras são magia, a ? oresta é o mundo e forças determinam o equilíbrio da Ibi, a terra. A harmonia se baseia nas regras dos deuses, onde morte e vida, caça e caçador convivem até que a luz se apague. Mas este ciclo tão familiar pode estar com os dias contados, pois sobre a Ibi se espalha um sentimento novo e incômodo: uma “fome sem apetite”, uma paixão pelas pedras derretidas. É o anúncio de que tempos sombrios estão por vir, sob formas nunca vistas antes – e os destinos das crianças de Araruama estão tão entrelaçados como raízes retorcidas.