Neste volume condensam-se textos de intervenção cívica e cultural – dimensão em que Luís Raposo se afigura ser único, pela longevidade e regularidade em que o fez, e faz, com espírito crítico e total independência em relação a todos os poderes e grupos. Textos pessoais, mas profundamente conectados com o movimento associativo dos sectores envolvidos, de que o autor é reconhecido dinamizador. Textos dotados de acutilância que repetidamente indispôs políticos, altos dirigentes e até alguns dos seus pares… mas textos de enorme, de atordoante coerência. Três grandes domínios compõem este percurso de vida: Arqueologia, Património e Museus. A soma dos três dá lugar a algo que a todos transcende e faz a singularidade deste volume: um fresco de época, construído ao sabor das vagas que agitam a vida pública, um panorama indispensável a todos os que se interessem por cultura e ciência ou, mais amplamente, aos que almejam melhor compreender a história recente do nosso País e da sua inserção na Europa e no Mundo. FERNANDO MÃO DE FERRO. “Sou e sempre fui um defensor de um Estado forte, regulador do bem comum, combatendo o engano do chamado ‘liberalismo’ político, herdeiro do sistema oitocentista de baronetes. Dito isto, considero também que a verdadeira democracia só existe quando as pessoas, individualmente consideradas e em grupo de interesses comuns, ou seja, as pessoas feitas cidadãos e as associações que constituam, tomam em mãos as suas causas, actuando de forma totalmente independente do Estado e sobretudo do seu aparelho, controlado pelos Governos e pelas lógicas da subserviência para garantia de lugares. Por isso, também na área do património cultural, entendo que a 'idade adulta' só existirá quando tivermos pessoas livres no pensamento, na palavra e na acção. Às vezes, a condição de cidadão militante da causa patrimonial, máxime de dirigente associativo, conduz a ter de prescindir, ou simplesmente retirar do expectável como projecto de vida, o desempenho de cargos ofic