Numa dessas raras manhãs ensolaradas em que as pessoas resolvem não incomodar, sentei-me com Dr. Arraes no acanhado restaurante de Zé Preguiça, em Afogados da Ingazeira, para o café da manhã. Logo cedo do dia depois do último gole de café, enquanto acendia o cachimbo, tossiu. Depois começou a falar. Então falou do seu retorno ao Brasil depois do exílio na Argélia. Fazia desfilar diante dos meus ouvidos um elenco de políticos brasileiros e pernambucanos que tentaram convencê-lo, nem sempre lealmente, a desistir da vida política em cargos e mandatos, para se retirar e se transformar numa espécie de conselheiro ferido em combate. Não aceitou. Disse que voltara para retomar a luta que a força bruta lhe tomara. Um traço definitivo do seu caráter - discreto e combatente. De um combate que não conhecia repouso, mas que não exibia estardalhaços. E é este 'Arraes', inteiro, que o Brasil conhece a mais vagar neste admirável livro de Tereza Rozowykwiat.