Concebida pelo crítico e ex-curador do MOMA de Nova Iorque, Paulo Herkenhoff, que também assina os textos, o livro Arte Brasileira na Coleção Fadel, da nquietação do moderno à autonomia da linguagem enfoca o segmento moderno da coleção reunindo ainda imagens de obras de artistas que vão de Castagneto e Visconti a Lygia Clark e Sérgio Camargo. partir do rigor seletivo do casal Fadel, o livro segue por núcleos "do Impressionismo ao Neoconcretismo" com dezesseis ensaios, que, segundo Herkenhoff, problematizam questões, analisam obras e compreendem conjuntos na coleção ou avaliam processos modernos e modernistas. "O livro fricciona estabilidades e certezas da história da arte brasileira, como o arrivismo oportunista de Tarsila em Paris e sua chegada ao Brasil através do Rio de Janeiro ou a angústia da influência em Sérgio Camargo. Trata também de algumas questões sobre a identidade afro-brasileira, que atravessam os trechos sobre Tarsila, Di Cavalcanti e Rubem Valentim", exemplifica o crítico. Os capítulos abordam, ainda, o delineamento das características "do sujeito expressionista denso" formulado no Brasil, de Goeldi a Flávio de Carvalho, a persistência do onírico, do surrealista e do mítico; a resistência de Mário de Andrade à passagem da arte modernista para a abstração; a abstração informal (de Antonio Bandeira, Shiró, Tomie Ohtake ou Iberê Camargo) ou a geométrica (de Cícero Dias, Almir Mavignier, Abraham Palatnik, Rubem Valentim a Mira Schendel); o surgimento do concretismo e a cisão que gerou o neoconcretismo, no qual "comenta Herkenhoff" pela primeira vez se formula uma linguagem artística autônoma no Brasil moderno.