Segundo Alain de Botton, as viagens estão entre as atividades que melhor revelam a dinâmica da busca pela felicidade, em todo seu ardor e seus paradoxos, pois elas expressam como poderia ser a vida fora das restrições do trabalho e da luta pela sobrevivência. É disso que trata seu novo livro, A arte de viajar, em que ele explica que mais importante que saber o que ver numa viagem é saber por que ver. Num texto saboroso e nunca superficial, best-seller em vários países, Botton conta como as viagens, a literatura e as artes plásticas se influenciam entre si - um simples passeio pode levar à redação de um clássico, que por sua vez pode inspirar a pintura de uma obra-prima, estimulando milhares de pessoas a fazer o mesmo passeio. Neste ciclo infinito, muitas vidas encontram seu sentido. "Poucos segundos na vida são mais libertadores do que aqueles em que um avião levanta vôo para o céu", escreve o autor. Conforme a aeronave sobe, os problemas parecem se tornar tão pequenos quanto os prédios lá embaixo. No entanto, Botton acredita que belas paisagens e hotéis de sonho não podem jamais garantir nossa felicidade - quem viaja levando a tristeza na bagagem dificilmente conseguirá fazer uma boa viagem. No entanto, esse é o comportamento de diversas pessoas. Como Charles Baudelaire, que dizia: "Para qualquer lugar! Qualquer lugar! Desde que eu saia deste mundo!" Botton conta que nenhuma paragem amenizava as angústias de Baudelaire, tão lindamente expressadas em seus versos, que mais tarde encantariam o jovem pintor Edward Hopper numa viagem a Paris. A poesia do poeta francês o acompanharia pelo resto da vida e influenciaria seu trabalho, marcado por imagens de pessoas solitárias em lugares de grande movimento, como bares, lanchonetes, vagões de trem, saguões de hotéis e estradas. São paisagens normalmente desprezadas, mas vitais para os viajantes. Quase todas as figuras que Hopper pintou parecem estar sozinhas e longe de casa.