Um dos problemas mais desafiadores da crítica é definir, de modo satisfatório, a natureza do drama como forma de arte, porque, como bem sabemos, ele pertence tanto à literatura quanto ao teatro. É uma forma composta, que utiliza várias “artes” para um único fim. Dramaturgo, autor, cenógrafo e figurinista, com seus próprios materiais, contribuem separadamente com formas expressivas que se harmonizam e criam um só efeito unificado.Tal processo sugere fortemente um parentesco entre as artes; se não tivessem algo em comum elas dificilmente se mesclariam de forma tão suave e eficaz. E recai sobre nós a obrigação de encontrar – se é que desejamos explicar satisfatoriamente a forma dramática – um único princípio estético para todas as artes ou ao menos um princípio que explique o sucesso de sua associação em formas compostas. Só assim poderá ser elaborada uma teoria que explique a variedade do drama, os principais tipos de peças, a relação entre interpretação, ação e diálogo, o uso alternado de verso e de prosa e a criação do estilo e do efeito poético. Uma “teoria de literatura” em si não será suficiente. Precisamos de uma teoria que ligue literatura e poesia com outras artes, uma teoria que vá mais longe do que as concebidas meramente em relação às palavras ou às formas literárias de leitura.