“No bairro da Tijuca, na fralda da montanha, numa casa simples, morava Jairo, o venerado amigo de Abelardo. Nos momentos mais difíceis, lá estava ele com o coração aberto como o leito de um rio a abrigar a água provinda de seu nascedouro. Havia mudado recentemente para aquele lugar. Tinha como companhia os seus livros e o cachorro Satiam, um cão amável e fiel companheiro de seu dono. Jairo era uma pessoa prestativa, benevolente e de alma grande. Naquele recanto, que mais parecia um paraíso, se refugiava do mundo e das pessoas. No alto da floresta havia um lugar de sua preferência, onde todos os dias se dispunha a meditar e a contemplar. Sentava-se com as pernas cruzadas, os braços abertos e as mãos espalmadas para receber os bons fluidos que minimizariam as dores do corpo e da alma. Naquela chácara, se distraía a cuidar do gado e de um pequeno rebanho de ovinos. Durante os meses de novembro a janeiro, tosquiava o rebanho inteiro na esperança de que a lã rendesse dividendos complementares para levar adiante uma vida simples, mas com bastante conforto. Todas as manhãs o discreto pegureiro saía a pastorear o seu rebanho. Verificava detidamente se os carneiros e as ovelhas estavam doentes ou com necessidade de pequenos cuidados. Não havendo nenhum problema, ajuntava-os no estábulo para comerem uma ração de boa qualidade. Dir-se-ia que era feliz naquele lugarejo sombrio.”