O novo romance de Régis de Oliveira.“Estranho, pensei. Pessoal mais esquisito. A mulher mal me olhou. Este aqui parecia olhar para o horizonte. Pouco afável. Respondeu o que foi perguntado. Deu poucas explicações e fechou a porta. Será que tem tanta coisa para fazer?”Um homem visita a cidade onde cresceu em busca de rever um amigo de infância. Apesar de carregar a imagem de bem-sucedido – não endinheirado, mas aparentemente bem-resolvido –, ele nota nos olhares certo preconceito, mais escancarado do que quando era criança. Ele é mulato.Em “As águas não são impetuosas”, Régis de Oliveira promove um importante mergulho na solidão e na condição humana, repleto de alegorias, metáforas e significados sub-reptícios, construindo um cenário onírico em que a realidade e o sonho podem se confundir, sem deixar de lado o tema central: a desigualdade e o preconceito escancarado em nossa sociedade.RÉGIS FERNANDES DE OLIVEIRA é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo (USP). Foi juiz de carreira e desembargador no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e é autor de livros de Filoso¬fia, Ciência Política e Direito. Hoje, leciona temas – inquietantes – como “O orçamento como instrumento de felicidade e dominação”, “Direito e jogo de azar” e “Direito e arte” em cursos de pós-graduação da USP. É autor dos romances “O desterro é o destino” e “Somos todos órfãos”.