Mentor era uma personagem de pouco significado na Odisséia e só assumiu mais importância quando Fénelon escreveu As Aventuras de Telêmaco, em 1699, uma releitura do épico de Homero. Na obra, Fénelon tira Mentor da obscuridade e o eleva à condição de segundo pai, professor, orientador e guia de Telêmaco. Com o sucesso da obra como material educacional, em 1750, a palavra mentor passou a figurar nos dicionários de francês e de inglês como sinônimo de conselheiro sábio , além de protetor e financiador . François de Salignac de la Mothe Fénelon, prelado e escritor francês, nasceu em Périgord, em 6 de agosto de 1651. Era um homem que associava a seriedade com a alegria, ponderação e cortesia. Um nobre intelectual com uma enorme capacidade de ensinar, fazendo-se entender nos temas mais difíceis. Era humilde e nunca demonstrava superioridade. Um homem raro, de conhecimento abrangente, criativo e talentoso. As Aventuras de Telêmaco, uma preciosidade da literatura mundial, propõe, com leitura fácil e brilhante, várias idéias políticas e morais para a educação dos príncipes. As façanhas enchem o coração de presunção perigosa, os erros obrigam o homem a recolher-se em si mesmo e lhe devolvem aquela prudência que os sucessos o privaram. Mentor, personagem da Odisséia de Homero, era um sábio e fiel amigo de Ulisses, rei de Ítaca. Quando Ulisses partiu para a Guerra de Tróia, confiou seu filho Telêmaco a ele. No entanto, muitos anos após o término da guerra, Ulisses ainda não havia conseguido voltar ao seu lar. Telêmaco assistia, então, angustiado e vulnerável à dilapidação do patrimônio paterno pelos pretendentes de sua mãe, Penélope, que deles se esquivava, inteligentemente, tecendo durante o dia um manto prometido ao sogro, e desmanchando-o à noite. Essa terrível situação não podia mais continuar, e Telêmaco decide sair em busca de notícias do pai. Mas ele não parte sozinho: afinal, ainda era muito jovem.