Minha questão central neste livro consiste em formular a possibilidade de um desenvolvimento do Budismo como um pensamento contemporâneo através de uma revisão dos temas de seu pensamento. Para realizar esse objetivo, torna-se necessário problematizar o processo de formação dos estudos budistas modernos e contemporâneos. Esses estudos budistas parecem ter-se tornado autônomos em relação aos estudos budistas tradicionais, mas fundamentam- se em um “pensamento orientalista”, cujo ponto de vista é exterior ao próprio Budismo. Nesse “pensamento orientalista”, existe um aspecto associado à metodologia da análise textual e outro aspecto de caráter filosófico. Nesse sentido, para concretizar a autonomia do pensamento budista faz-se necessária uma crítica às diversas filosofias que serviram de base à interpretação do Budismo, juntamente com outra crítica à metodologia positivista da análise textual e literária. Essas duas críticas podem ser compreendidas como a condição central da autonomia do pensamento budista no mundo contemporâneo. Neste livro, pretendo esclarecer o sentido da metafísica no Budismo, delimitando-a à sua relação com as temáticas da “ignorância” e das “duas verdades”. Problematizarei ainda a possibilidade de o Budismo tornar-se um pensamento contemporâneo através de uma crítica à filosofia de Schopenhauer..