Desde os anos 80 do século passado, vasta bibliografia foi produzida com o intuito de demonstrar o fi m do proletariado como classe social. Ancorada nessa afirmação estava outra mais ampla, que dava por extintas as classes sociais e quiçá o próprio capitalismo. Seria então o fi m da história, o início da era pós-moderna, pós-industrial, quando o trabalho tende a se desmaterializar e as relações sociais de produção passam a ter na linguagem (das máquinas e dos homens) a determinação última da ação social. A luta social, o conflito, passariam a girar em torno de reivindicações singulares por direitos, não mais seriam luta de classes. O livro cuidado por Henrique Amorim e Davisson Cangussu de Souza segue na direção oposta a essa. Trata-se de um trabalho coletivo voltado a demonstrar que a categoria teórica de classe social, conforme configurada na tradição política cultural do marxismo, continua a contar com ampla e indispensável capacidade explicativa do mundo contemporâneo. Mais que isso, o livro promove análises de situações concretas, que, sem o uso dessa categoria fundamental da teoria social, poderiam ser compreendidas de maneira apenas parcial ou mesmo distorcida. Por último, os capítulos que compõem o livro se esforçam para contribuir para a conformação da classe, em si e para si, como sujeito coletivo necessário para enfrentar a barbárie do capital, o qual, na sua trajetória descendente tem delineado uma grave regressão cultural produzida pela explosão científica e tecnológica coetânea à redução do trabalho a condições sempre mais empobrecidas e precárias do ponto de vista material e espiritual. Fazer dessa massa enorme de trabalhadores uma classe que se antagonize ao movimento do capital, nessa fase histórica destruidora da própria humanidade, é uma tarefa que começa por demonstrar que as classes existem e que a contradição em processo se torna mais aguda. Marcos Del Roio – UNESP.