O livro de Heynemann analisa à luz das ideias predominantes na Europa o processo racional que se instalou na Corte Portuguesa pontuado pelas viagens científicas que tinham a intenção de explorar os recursos naturais de forma extensiva e objetiva. A colônia brasileira tornou-se um laboratório a céu aberto. A exuberante natureza até então motivo de contemplação e admiração foi analisada, classificada, dissecada, preservada e tratada como ciência, abrindo dessa forma um novo campo do saber- o da História Natural. A Academia Científica do Rio de Janeiro nasceu do propósito de pesquisar sobre tudo o que fosse pertinente aos três reinos da natureza, vegetal, animal e mineral, com finalidade (é claro) comercial. Através de uma complexa rede de troca de produtos naturais entre as colônias, com a finalidade central de aclimatá-los e prepará-los para diversas destinações, o conhecimento da natureza física foi sensivelmente ampliado em Portugal. O trabalho era desenvolvido em laboratórios de experimentação, por meio de estudos realizados nos museus de história natural ou em investigações naturalísticas concretas promovidas pelas instituições na metrópole e no mundo colonial: Sociedade Literária do Rio de Janeiro, Academia Científica do Rio de Janeiro, Escola de Minas e demais agremiações lideradas pelos letrados A obra Culturas do Brasil destaca esta relação de troca de material e conhecimento científico que Portugal usava para se situar no mundo europeu projetando-se e afirmando-se com os recursos naturais de sua própria colônia. Além é claro de integrar brasileiros e portugueses num sentimento comum.