Estas páginas não são dirigidas aos mundanos, para quem o amor é passatempo, é mercadejar, é gozar, é explorar. Olhando-os viver, vêm-nos à mente as palavras de Pascal: "Fartem-se de amor até que dele morram". Não obstante, um desses mundanos talvez venha a percorrer estas notas e, com bravura, as leia até o fim. Oxalá dê ouvidos à voz da consciência e refaça o balanço desses valores por ele criados exclusivamente para a satisfação de seus apetites. E, caso sinta um laivo de inquietação, bem perto estará de preferir o Amor às aparências enganadoras do amor. Tais são os nossos votos.Ao redigir este texto, era nos pobres que pensávamos: em todos quantos creram no amor e, desejando intensamente vivê-lo, dele experimentaram a precariedade, a instabilidade. Descobriram, simplesmente, que o amor — como tudo o que é da terra — é finito, é pobre, é inválido. Mas descobriram, também, que à pobreza — seja ela qual for — é querida de Deus e que toda a invalidez pode ser curada, qual o cego da piscina de Siloé, a um simples sinal, a um gesto das mãos divinas: uma graça. E então, sem covardia, conservando a esperança, puderam viver seu amor, mergulhando-o no Outro Amor. A estes dedicamos estas páginas, na esperança de colaborar para o perpétuo renascer que o verdadeiro amor exige.