Nesta obra, Karl Marx analisa um período longo e extremamente movimentado da história francesa, apresentando algumas experiências conceitualmente importantes da Revolução de 1848-1849 e seus resultados. Ao aprofundar o desenvolvimento da teoria do Estado e da teoria da revolução, o filósofo alemão chega à consciência fundamental de que a realização da tarefa histórica da classe trabalhadora é impossível no quadro da república burguesa, demonstrando que a ditadura do proletariado é uma fase de transição necessária para a abolição de todas as diferenças de classe, para a reconfiguração econômica da sociedade e para sua construção em uma ordem socialista. Marx também trata detalhadamente da situação e do papel do campesinato, fundamentando a necessidade de sua aliança com a classe operária.Esta obra de Marx foi publicada pela primeira vez em 1850 como série de artigos na Nova Gazeta Renana, de Hamburgo, com o título '1848 a 1849'. No ano de 1895, Friedrich Engels produziu uma nova edição, à qual deu o título atual, As lutas de classes na França de 1848 a 1850, dotando-a de uma extensa introdução. A presente tradução, feita por Nélio Schneider, é baseada no texto dessa edição de 1895.Escritos no 'calor da hora', os textos de As lutas de classes na França também mostram como as noções de classes e luta de classes, Estado burguês, poder político, revolução social, partidos, ideologia, entre outras - sob a perspectiva do materialismo histórico - são decisivas para a explicação das origens, dinâmica, contradições, impasses, crise e derrota da Revolução de 1848. Assim como O 18 de brumário de Luiz Bonaparte e A guerra civil na França, a presente obra é considerada parte do que foi convencionado chamar 'obras históricas' de Marx. Segundo Caio N. Toledo, professor da Unicamp, autor do texto de orelha, não se deve relegar tais obras a um lugar secundário ou menor no conjunto da produção teórica marxiana. Para ele, são nesses escritos que se evidencia 'de forma nítida e sistemática aquilo que distingue e particulariza o marxismo de todas as teorias conhecidas, qual seja a indissociável relação entre a análise científica da realidade histórica e social e a perspectiva radical e transformadora'.