“...destravei a porta e senti o ar gelado daquela noite no meu rosto. as lágrimas secaram na hora e eu podia sentir o caminho que elas tinham percorrido. fechei a porta sem olhar para trás. não sei qual a cara que ele fazia. não consegui olhar.
caminhei na calçada olhando as árvores, os carros, tudo o que se movia ou não. e de repente tive uma vontade incontrolável de rir. ri tanto que meu rosto chegou a doer.
era como se toda a tristeza, tudo o que sentia, tivesse ficado ali naquele hall. naquele tênis. naquela vida que não me pertencia mais. era um passado, e eu estava aliviado.
entrei no meu carro e fui embora. pisei no acelerador como se o mundo fosse acabar amanhã. eu me sentia completamente vivo!”Com turning points sutis e inesperados e enredos em diálogo com a plena liberdade de escolha, o surpreendente e o acaso, o autor alterna estilos e emoções, diálogos e conflitos internos, reflexões e semidelírios, conduzindo-nos entre situações do dia a dia até contextos cujas personagens nunca esperariam neles se enredar, o que dirá ter a coragem de criá-los... E você, leitor, se verá como o amigo que é observado com curiosidade afetuosa ou se sentirá como a pessoa de quem se fala com reprovação e inveja ou, ainda, irá se identificar com o próprio narrador, que tudo questiona com muitas razões, mas raras certezas que possam servir de lenitivo? Quem será seu cúmplice, ou anti-herói, quase espelho ou confessor imaginário? É o convite que se insinua, e praticamente nos intimam as marés do ser desse comunicador engajado e mais que atento às temáticas contemporâneas, envolvendo-nos com uma narrativa híbrida de crônica e de contos
curtos, prosas poéticas e ensaios descritivos, em que narradores e personagens confundem vozes e pessoas em discursos livres e anti-ideológicos, oferecendo-nos sempre mais uma história, em forma de brinde, virada e texto que se tece em lirismo, ideia e reviravolta.