AS METÁFORAS DE LULA

Estes escritos resultam de minha pesquisa de Doutorado em Letras pela UFRGS, sob a orientação da Profa. Dra. Freda Indursky. Suspendendo o ponto final, dou à leitura realizada há 10 anos a forma deste livro: com algumas supressões, outros acréscimos, mas com a mesma vontade de problematizar e dessuperficializar o discurso político e seu efeito de transparência. O tema Discurso de Lula me interessou desde o primeiro mandato, quando seu modo de falar era por muitos diminuído e ridicularizado, apontando para um forte efeito de estranhamento, a despeito de outros tantos reconhecerem seu poder retórico. Em comum, as críticas apartavam a fala de Lula dos fatores que a determinavam, bem como dos sentidos veiculados ali. Procurando compreender tais efeitos, que levavam seu discurso para o terreno do ilógico, da inabilidade e mesmo da ignorância, debruçamo-nos sobre as Metáforas de Lula, objetivando, por meio deste funcionamento bastante particular do Discurso de Lula, tentar contribuir com uma leitura do político e da política na língua, bem como com uma leitura da própria noção de metáfora de um ponto de vista discursivo. Desse modo, enquanto a mídia e o meio político apontavam as Metáforas de Lula como um problema a ser resolvido, um enigma a ser decifrado ou um engodo estratégico que denunciaria a fragilidade de Lula, sempre dissociados do fazer político do Presidente, nossa pergunta era sobre o que se procurava interditar nesta/desta materialidade discursiva. Que ameaça era produzida aí? Teriam as Metáforas de Lula provocado uma forte mexida na fileira dos sentidos da cena política brasileira? Que língua é esta falada por Lula?