A melhor sinopse da obra As metamorfoses de um burro de ouro quem nos oferece é o próprio narrador, Lúcio, um viajante movido a curiositas, que parte de Corinto em direção à Tessália, a terra da magia, onde é metamorfoseado em burro. Antes de iniciar a contar as aventuras e desventuras – próprias e alheias, que aí viveu ou de que foi testemunha (ocular ou “auricular”) –, é assim que o narrador em primeira pessoa, em suas primeiras palavras, estabelece a matéria da narrativa por iniciar: Eu, de minha parte, com esse meu estilo milesiano de falar – exótico e erótico –, irei conectar você a diversas histórias e envolver seus ouvidos benévolos com meu sussurro encantador – isso se você não [...] quiser perder a chance de admirar histórias de homens que tiveram suas aparências e destinos radicalmente transformados, assumindo outras representações de si, e novamente reformatados, voltando ao ponto de partida, em mútuo encadeamento. (Metamorfoses, livro I, 1) Magia, histórias prodigiosas, misticismo, religiosidade; erotismo, romantismo, contos de fadas, relatos fantásticos; narrativas de crimes cruéis e de adultérios – em outras palavras, histórias diversas e divertidas, críveis e incríveis, inusitadas e insólitas esperam por você, leitor do século XXI, nas páginas desta obra escrita no século II. Esteja pronto para se surpreender e se divertir!