O combate da República Brasileira ao Arraial de Canudos, a “Guerra de Canudos”, foi o motivo que levou o engenheiro-jornalista-escritor Euclides da Cunha a viajar à cidade baiana inaugurada por Antônio Conselheiro e fazer a cobertura jornalística do conflito. A viagem ao sertão e a “expedição” renderam dois registros importantes: “o diário de uma expedição” e a “caderneta de campo”. Dos dois e da cobertura jornalística surgiu a obra Os sertões. O presente trabalho procura identificar as “matrizes discursivas”, conceito cunhado a partir das teorias linguísticas com o intuito de identificar quais as características dos vários discursos que atravessam/compõem a escrita de Os Sertões (o jornalístico, o literário, o científico-natural e o historiográfico) e de que maneira eles se imbricam no discurso de Euclides da Cunha. Aliás, todas as vertentes são alinhavadas pelo positivismo de Comte. Assim, o trabalho desse livro evidencia uma proposta de análise e identificação das influências e ideologias que compõem um dado discurso, no caso de Os Sertões, como instrumental teórico para se identificar a dialetização do discurso na obra literária ou qualquer outro gênero ou domínio discursivo que se queira analisar. Ao mesmo tempo, pelo fato de Os sertões ser uma das maiores obras da literatura brasileira de todos os tempos e que colabora no entendimento da sociologia do país, esse trabalho de análise do discurso ajuda a compreender a realidade e atualidade dos problemas brasileiros recorrentes e ainda não enfrentados.