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Sinopse
à deriva...
dirigida por Samuel Leon, que tratará de textos do gênero erótico.
A ERÓTICA TEXTUAL DE APOLLINAIRE
Em sua vasta tradição, o romance de aventuras tem por característica provar alguma coisa. O herói está no centro dessa provação, e suas peripécias volta e meia o colocam na berlinda. Ele então se desembaraça e segue em frente, puxando o fio da meada de novas experiências. Em sua contrafação erótica, pode-se dizer que o herói aventureiro põe à prova o próprio corpo (e o alheio), sua potência e ato nos quesitos resistência e consumação de si, a imponderável ruína. O marquês de Sade foi um dos grandes cultores desse gênero, cuja obra está marcada por um empreendimento de extrema violência. Não é à toa que o autor de
As onze mil varas
o chamou de “o espírito mais livre que jamais existiu”.
A propósito, diferentemente de seu mestre, a violência erótica de Apollinaire conta com o consentimento dos personagens, ainda que muitos pereçam na empreitada. Se em Sade a crueldade é condição do prazer libertino, em Apollinaire ela é o efeito colateral do mesmo, isto é, um acidente ou uma consequência inevitável e sem culpa. Com efeito, em
As onze mil varas,
o mal praticado contra o outro é o coroamento dos prazeres do protagonista, um certo príncipe, aliás, hospodar, chamado Vibescu, “Mony” para os íntimos, que se dá ao luxo (e à luxúria) de viver chafurdado em sucessivas e impagáveis orgias. O dito “príncipe” é soberano no sentido de que vive para o gozo dos sentidos, sem precisar produzir para viver, podendo consumar-se livremente no excesso e no gasto sem reservas da libertinagem. A contribuição de Apollinaire para o gênero parece confirmar a tese de que aos olhos dos modernos e contemporâneos a violência dos signos eróticos diminui consideravelmente seu impacto levando-se em conta o requinte e a delicadeza do trabalho formal de linguagem, de modo que, por vezes, a violência propriamente dita acaba se transmudando em humor, tal a descrição, por exemplo, do membro viril como “um boneco gordinho que quer se esquentar no seio da mamãe. Como ele é bonito! Tem uma cabecinha vermelha e nenhum cabelo”. De fato, em
As onze mil varas,
as peripécias libertinas não se fazem sem erotizar a própria linguagem (o que se deixa ver muito bem na tradução de Letícia Coura), produzindo um efeito de
significância,
aquilo que Roland Barthes define como produção sensual dos sentidos. É nesse ponto que a experiência erótica e a poética coincidem. Neste clássico da literatura erótica moderna, o leitor irá se deliciar com metáforas, comparações e analogias inusitadas, que parecem brotar espontaneamente dos conluios carnais do príncipe Vibescu e de seus parceiros, de modo a refinar, não apenas a expressão poética do erótico, mas o sentido mesmo do erotismo, o qual, ao contrário da mera pornografia referencial (em que se enfoca o erotismo do outro), não é nada óbvio ou banal, mas essencialmente mágico e singular.
Contador Borges
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788573214727 |
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Tradutor para link | COURA LETICIA |
Subtítulo | OU OS AMORES DE UM HOSPODAR |
Pré venda | Não |
Biografia do autor | Guillaume Apollinaire foi um escritor e crítico de arte francês, possivelmente o mais importante ativista cultural das vanguardas do início do século XX, conhecido particularmente por sua poesia. |
Peso | 180g |
Autor para link | APOLLINAIRE GUILLAUME |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 20 x 14 x 1.4 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 144 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2017 |
Código Interno | 808568 |
Código de barras | 9788573214727 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | APOLLINAIRE, GUILLAUME |
Editora | ILUMINURAS |
Sob encomenda | Não |
Tradutor | COURA, LETICIA |