Anna e Tom, jovem casal de nômades digitais italianos, estão vivendo o sonho em Berlim, em um apartamento iluminado e cheio de plantas em um bairro onde moram tantos outros jovens expatriados como eles. Os dois são criativos, freelancers sem muitas restrições, apaixonados por comida, política progressista, experimentação sexual e pela noite ininterrupta da cidade. É realmente tudo aquilo com que sonharam.
No entanto, por trás dessa imagem de perfeição e privilégio nasce um mal-estar tão profundo quanto difícil de compreender. Os anos passam. O trabalho torna-se repetitivo, a vida social, monótona. A cidade já não tem nada de novo para lhes oferecer. Anna e Tom sentem-se presos e atormentados por encontrar algo mais real e genuíno. Resta-lhes perseguir em outro lugar esse sonho de autenticidade que parece lhes escapar por entre os dedos.
Quando decidem se mudar mais uma vez, se veem vítimas de duas vidas desencontradas, uma real e outra permeada por imagens, o que só desencadeia mais frustrações. E assim, apesar de fazerem parte de uma época em que os jovens adultos parecem ter possibilidades infi nitas, experimentam a angústia sutil que surge da consciência de que muitos desses caminhos podem se revelar ilusões.
Com uma prosa permeada de humor e ironia, inspirada em As coisas, de Georges Perec, Vincenzo Latronico transforma em texto um imaginário geracional, nascido na sociedade de consumo hipercontemporânea, e apresenta um epitáfi o consciente a força estética, emocional e até mesmo erótica que o universo das redes pode produzir em cada um de nós.
Um dos romances mais aclamados da literatura italiana contemporânea, As perfeições é o retrato magistral, fiel e desencantado de toda uma geração. Uma parábola mordaz das nossas vidas assediadas pelas imagens e da procura por uma autenticidade cada vez mais frágil — e talvez inexistente.