AS TRAMAS DO FANTÁSTICO – CONTOS E NOVELA E.T.A. Hoffmann Organização e posfácio: Fernando R. de Moraes Barros Tradução: Fernando R. de Moraes Barros e Lavínia Abranches Viotti Notas: Fernando R. de Moraes Barros e Anatol Rosenfeld Apresentando "O Perturbador", de Sigmund Freud SINOPSE Conhecemos o E.T.A. Hoffmann autor de contos e romances fantásticos e de terror. Pouco sabemos, porém, de sua ligação estreita com a música, ele mesmo tendo sido também compositor. Este livro traz ao leitor uma extraordinária sincronia do escritor de textos fantásticos e do amante da música, reunindo, em sua primeira parte, contos e novela que têm a música como eixo, depois complementado em Posfácio por um ensaio do organizador do volume sobre o entrelaçamento dos dois campos na obra do autor. Na segunda parte, o célebre "O Homem de Areia", acompanhado em Apêndice do famoso texto de Sigmund Freud comentando-o, e outros contos importantes dão um painel do brilho de sua produção. QUARTA-CAPA E.T.A. Hoffmann (1776-1822) foi como poucos um artista verdadeiramente apaixonado e dedicado a duas artes, a literatura e a música. Soube como ninguém transmitir a atmosfera do romantismo em suas obras, alguma das quais seriam transformadas em óperas ou balés (como O Quebra-Nozes, de Tchaikóvski), enquanto compunha peças musicais atribuídas a seu alter-ego Johannes Kreisler, personagem de muitas de suas histórias. Esta coletânea, que chega antecipando-se ao bicentenário de sua morte, visa a justamente apresentar o leitor brasileiro a essas duas facetas de sua obra. A primeira parte traz contos e uma novela ("Kreisleriana", que inspirou a Robert Schumann a obra de mesmo nome) em que a música mais do que assunto, é praticamente uma personagem. Na segunda parte, estão reunidos os contos que fizeram dele um dos principais nomes da literatura fantástica, com destaque para "O Homem de Areia", que Freud analisou em um famoso texto "Das Unheimliche" (1919) também incluído aqui. O Posfácio de Fernando R. de Moraes Barros, que encerra este volume, analisa em profundidade aspectos dessa obra que dois séculos após a morte de seu criador ainda encanta – e espanta. E.T.A. Hoffmann (1776-1822) Célebre escritor e compositor pioneiro do romantismo alemão, este descendente de pastores e juristas era também desenhista e foi funcionário das cortes judiciárias. Autor de contos como "O Homem de Areia" e "O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos", novelas, como Kreisleriana, e romances, O Elixir do Diabo e Reflexões do Gato Murr (Estação Liberdade, 2013), é um dos grandes nomes das literaturas fantástica e de horror. Morreu em Berlim, aos 46 anos, de sífilis. COLEÇÃO PARALELOS A coleção Paralelos abriga literatura de ficção e contos de evidente qualidade literária. DA CAPA Imagem de capa: Intervenção sobre desenho de E.T.A. Hoffmann representando o alter ego do autor, Johannes Kreisler. E.T.A. Hoffmann era também um artista plástico e costumava representar cenas de seus próprios escritos. Aqui, o autor fez um desenho representando o contramestre Kreisler. TRECHOS Há, tal como ouvi dizer, uma antiga lei que proíbe artesãos barulhentos de morar perto de eruditos. Então não deveriam os pobres e oprimidos compositores – os quais, para continuar urdindo o fio de sua vida, precisam transformar seu entusiasmo em moedas de ouro – aplicar essa lei a si mesmos, podendo banir bebês chorões e corneteiros de seu entorno? O que diria o pintor, se lhe fossem apresentadas, quando da concepção de uma pintura idealizada, tão somente caretas heterogêneas? Se fechasse os olhos, ele ao menos continuaria retendo a imagem intacta na fantasia. De nada adianta colocar bolinhas de algodão nos ouvidos, haja vista que, ainda assim, escuta-se o espetáculo assassino; e então a ideia, a mera ideia de que agora estão prestes a cantar, de que a corneta vem aí etc.