Esta obra é norteada pela hipótese de que o poder eurocêntrico (ou "sistema-mundo", traduzido basicamente por termos tão universais quanto desenvolvimento, progresso, direitos, ecologia e que implica em efeitos colaterais tão familiares como pobreza, hierarquia, obrigações, destruição do meio ambiente) degenera todas as relações sociais estabelecendo uma "pirâmide de pequenos tiranos" onde quer que se instale. O autor faz, ainda, excelentes digressões sobre aspectos importantes sobre as questões epistemológicas da História, propondo uma abordagem hermenêutica da História. Mostra a História da África, sob o aspecto do poder europeu, em três momentos chave para entendermos os seus desdobramentos: a invasão, dada por portugueses e holandeses no século XV e XVI, efetuada por potencias marítimas armadas da cruz e da espada; a ocupação, efetuada pelos movimentos imperialistas e colonialistas do século XIX, que solucionavam dois problemas internos à sua própria dominação salvacionista contra os proletariados nacionais; e a colonização definitiva, implementada pelos movimentos emancipatórios e pós coloniais dos anos 1950 em diante, caracterizados pelo modelo de Estado-nação desenvolvimentista. Apresenta ainda uma preciosa abordagem sobre como a diáspora levou a cultura africana para onde foram levados os homens e mulheres capturados e a escravidão instalou no novo mundo uma marca que jamais poderá ser removida. Finaliza com um excelente estudo sobre a escravidão africana.